Anos atrás, meu pai tinha o costume de gravar e guardar fitas K7 com músicas de todos os tipos, desde rock até baladas. Eu, com meus 7 anos de idade, sempre que tinha vontade, pegava algumas dessas fitas e colocava no deck do som da sala para ouvir. Foi nessa época que descobri o Bee Gees, quem era John Lennon e, tentava praticar inglês cantando “San Francisco” do Scott Mckenzie.

De todas aquelas canções que ouvia, uma em especial chamou minha atenção devido a sua calma e introspectiva sensação – “Streets of Philadelphia” do ”The Boss”, Bruce Springsteen.

Naquele instante da vida, eu realmente não sabia o que era introspecção. Mas sabia que de algum modo, havia uma história a ser contada naqueles versos. Streets of Philadelphia foi trilha sonora do filme “Philadelphia” de 1993 estrelado por Tom Hanks no papel do sofrido Andrew Beckett e Denzel Washington na pele do advogado Joe Miller.

Sua batida cadenciada, juntamente com o teclado ao fundo – que dá a música a sensação de uma viagem por um pensamento solitário repleto de lembranças – indica a história contada por alguém que lutou contra algo fora de controle em uma espécie de desabafo que precisava ser expressado. Não é a toa que toda a canção parece muito com a angústia que Andrew Beckett sofria no trama.

De tanto gostar desta música na infância e, por tantas vezes ouvir repetidamente, minha mãe certa vez me disse que essa música é o sinônimo da minha falta – ela produz algum tipo de saudade quando estou longe. Esse é um fato comprovado do quanto essa canção faz parte de minha vida.

Sendo criança, não sabia ao certo se essa era uma música de angústia ou de esperança. Mas um dia, sabia que essa música me levaria a um momento único. E esse momento chegou.

No último final de semana, dei espaço as memórias da infância quando estava no meio de mais de 100 mil pessoas acompanhando o show histórico de Bruce Springsteen no RockinRio 5, ao vivo, em cores. Ele não cantou sobre as ruas da cidade de Philadelphia, mas ele cantou sobre como viver com esperança, sentir o espírito e como contar histórias interessantes – talvez como essa que acabou de ser contada =)

BRUCE SPRINGSTEEN & BAND